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“Mudança” ou Continuidade? As Contradições de Uma Promessa de Renovação

Na disputa eleitoral para a reitoria de uma importante instituição de ensino, o discurso de “mudança” adotado por uma das chapas concorrentes tem despertado debates intensos e questionamentos incisivos. Embora a proposta de renovação seja amplamente difundida em materiais de campanha, muito integrantes da comunidade acadêmica percebem sinais claros de continuidade, uma vez que vários membros do grupo “renovador” já desempenham ou desempenharam funções de destaque na atual administração.

O termo “mudança” suscita normalmente a ideia de quebra de paradigmas, reinvenção de práticas e introdução de novas lideranças. No entanto, quando o mesmo grupo que se diz renovador é constituído por pessoas fortemente ligadas à gestão vigente, surge o paradoxo: como pode haver verdadeira transformação se a essência dos gestores permanece a mesma?

A adoção de uma imagem de “novidade” sem comprovação prática de alteração na forma de governar tende a gerar ceticismo. Muitas discussões apontam para a necessidade de analisar o histórico de decisões tomadas pelas pessoas agora candidatas a cargos de reitoria, para verificar a consistência entre promessas e ações anteriores.

Em períodos eleitorais, a palavra “mudança” costuma funcionar como um gatilho emocional poderoso. Ela é capaz de mobilizar eleitores insatisfeitos e atrair aqueles que desejam ver a instituição inovar. Porém, quando não há ruptura concreta com o modelo de gestão em vigor, corre-se o risco de promover apenas um rearranjo de nomes, mantendo valores e práticas administrativos inalterados.

Essa forma de continuidade disfarçada pode se manifestar na preservação das mesmas diretrizes políticas, no prolongamento de projetos sem revisão crítica e no reaproveitamento de apoiadores que defendem a manutenção do atual status quo. Para quem busca uma real alteração de rumos, torna-se fundamental diferenciar uma mudança de fachada de um processo efetivo de renovação.

Diante de um cenário em que a mesma gestão se apresenta como renovadora, a falta de transparência sobre o real grau de transformação interna agrava questionamentos. Se há intenção genuína de inovar, seria necessário apresentar:
1. Planejamentos detalhados que apontem divergências concretas em relação às práticas vigentes.
2. Metas mensuráveis que evidenciem como e em que prazo ocorrerão mudanças.
3. Critérios de avaliação para acompanhar o cumprimento das promessas, assegurando que a instituição compreenda o que, de fato, será diferente.

Sem esses indicadores, o discurso de renovação tende a cair no descrédito, pois não há elementos palpáveis para sustentar a noção de ruptura ou evolução.

Entre servidores, estudantes e docentes, circula o sentimento de que a universidade necessita de projetos sólidos, capazes de impulsionar a qualidade de ensino, pesquisa e extensão. O anseio por uma gestão inovadora envolve transparência, participação democrática, estímulo à produção científica e melhoria das condições de trabalho.

Contudo, esses objetivos só parecem viáveis se houver disposição real para rever estruturas e processos administrativos. Quando o discurso de mudança não se sustenta em uma base concreta, o processo eleitoral fica marcado pela desconfiança. Neste contexto, a comunidade acadêmica demonstra que valoriza a coerência entre o que se diz e o que efetivamente se propõe.

A retórica da “mudança” é uma das estratégias mais comuns em campanhas eleitorais, especialmente em instituições que buscam renovação constante. No entanto, uma promessa de transformação só ganha legitimidade quando é acompanhada de ações, compromissos e lideranças efetivamente novas.

Se o grupo que se intitula renovador é o mesmo que hoje administra a instituição, muitas perguntas surgem sobre a capacidade de promover algo diferente e de gerar resultados além do discurso. Cabe à comunidade acadêmica analisar criticamente as propostas, confrontar as promessas com a realidade e decidir com base em evidências se a mudança que se anuncia é real ou apenas retórica.

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